(...)
Assim, a dicotomia entre bem e mal parece ser essencial para a existência e convivência do indivíduo moderno, para justificar os seus grandiosos feitos ou as suas mais amargas derrotas, continuando a legitimar o derramamento de sangue em nome da religião e do poder político e monetário.
As faces do mal existem onde o homem as cria, opondo-se ao bem, ao sagrado e aos interesses dos poderes vigentes. Deuses e/ou demónios são os homens que decidem, que criam e que conseguem influenciar outros a acreditar em algo por vezes é materialmente inexplicável, que conseguem criar guerras sem fundamentos e sair impunes, que conseguem formar uma opinião pública que lhes interesse, criando medos e superstições que são assimilados pelo comum dos indivíduos. De demónios e bruxas passamos a ter terroristas e armas de destruição maciça, provando que a existência do mal serviu e continua a servir para legitimar a existência e a necessidade do bem, pois só assim é possível dar-lhe significância, e estarem, como no diz Sagan “ao serviço de necessidades humanas” (2002:123). *
*Conclusão de um trabalho para a Unidade Curricular
Representações Culturais Pré-Modernas, Mestrado
em Comunicação, Cultura e Artes. Especialização em
Estudos Culturais
Darryl Domingos