Os Direitos Humanos são hoje uma pedra basilar da civilização. A cultura humana, com alguns milhares de anos, assim evoluiu.
São Universais? Não. Consta até, segundo fonte bestial (em entendido, de Besta mesmo), que direitos fundamentais são afinal referendáveis. A humanidade tem destas coisas: brilhantismo misturado com estupidez crónica. Eis a nossa história numa frase.
A discrepância entre territórios, cidades e aldeias, litoral e interior, sul e norte, é brutal. Não somos todos iguais. Estamos muito longe de o sermos.
Os Direitos Humanos fomentam-se e concretizam-se no terreno, no trabalho de campo, no contacto face to face, na conversação personalizada, na relação com o próximo. Objetivo: angariação de heróis e heroínas aqui, que ajudem o próximo, que muitas vezes está longe.
Com plena simpatia por esta ideia, e em situação de desemprego, a Maria (nome fictício) animou-se com um anúncio de emprego que pedia Relações Públicas (RP) para campanhas de solidariedade em nome de uma das maiores organizações mundiais e de trabalho reconhecido. A empresa subcontratada pela ONG internacional pedia dinamismo e vontade de ajudar o próximo, através do contacto com o próximo. A Maria lá foi à entrevista e “dia de experiência” toda entusiasmada.
Afinal, era trabalho porta-a-porta. O discurso começava com a apresentação do projeto: ajudar as crianças da Síria. São 5 milhões de crianças em risco de morte já. Uma causa que deve ser acarinhada. “Não se assuste, não é um peditório”. Mas afinal é. É que cada RP trabalha a 100% à comissão, com horário laboral das 10:30h-20:30h de 2ª-feira a 6ª-feira e das 10:30-18:30h aos sábados. Estes RPs são dinâmicos, vestem mesmo a camisola, não lhes retiro qualquer valor. Mas o país está em crise. Como é possível querer vender Direitos Humanos, puxando à lágrima de quem abre a porta para nos ouvir ao menos, quando se sabe que está desempregada e pouco resta para pôr comida na mesa? Ajudar, todos queremos. Mas a maioria não tem hipótese.
Vender Direitos Humanos a quem não pode comprar pão é contraproducente. “Empregar, a 100% à comissão” estes trabalhadores dos direitos humanos revela escravatura, a palavra-chave para compreender os nossos dias.
Filipa Alvim
Filipa Alvim
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1 comentário:
há quem diga que são referendáveis. não medem as consequências. ainda iremos referendar tudo até o populismo ganhar tudo outra vez. http://takedireto.wordpress.com/2014/02/10/direitos-migrantes-referendos-variacoes-no-tempo-e-no-espaco/
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