De vez em quando, os temas aparentemente mais leves e simples são os mais importantes. Desta vez quero prestar homenagem àquelas pessoas que estão sempre ao meu lado, as “minhas pessoas”.
Uma irmã, uma verdadeira irmã vale mais que ouro e pedras preciosas. Uma irmã é uma pedra preciosa. Muitos de nós não vivemos o luxo de nos darmos bem e em cumplicidade com os nossos irmãos de sangue, os nossos siblings. Eu vivo esse privilégio. Tenho uma irmã mais nova que tomo como minha gémea. Entre nós não há “a mais velha e a mais nova”. Somos pares, iguais.
Irmãs de sangue, nascidas do mesmo ventre, com personalidades muito diferentes mas carácteres identicos. A culpa é do nosso ventre. Podemos sofrer várias falhas, como qualquer humano, mas gostamos dos nossos carácteres, sentimo-nos bem na nossa pele.
Quem nos conhece melhor do que quem nasceu e cresceu ao nosso lado? Quem convive assim desde tenra idade conhece o melhor e o pior da outra. O melhor admira-se e respeita-se. O pior aceita-se e perdoa-se sempre. Porque se ama. Amor é uma palavra demasiado dita e oca tantas vezes. Pessoalmente não sou de verbalizar muito a palavra. Prefiro demonstra-la. E tenho a sorte de ter uma companheira de vida, uma amiga, a amiga, que também procede assim. A cumplicidade traduz-se em pura confiança. Há muitos risos e gargalhadas aos serões. Há muitas conversas e parvoices e confidencias noite fora. Há também as vagas disucssões cheias de substância e poder. Não fica nada por dizer.
Na minha vida muita coisa acontece ao contrário. O oposto daquilo que quis nem sempre deixa de chegar. Mas tenho nesta minha breve existência, neste acaso universal que é a vida um bem mais precioso, mais valioso, mais insustituível que reconhecimento, “amor romântico”, dinheiro e objectivos profissionais realizados. Tenho pessoas. Tenho outro ser humano que me acompanha nesta que é uma passagem por aqui. Não somos imortais. Temos de reconhecer que a vida é aquilo que a natureza deixa nascer antes de morrer, um momento no tempo da História. Quando era pequena queria ser cozinheira. Afinal não sou cozinheira. Mas partilho a vida de alguém que faz, só por si, fazer tudo valer a pena, todo o tempo. Uma par e um ventre.
Fazemos hoje parte de uma sociedade composta de aparências, de materialidade, de consumo desenfredo, dos mercados de Wall Street, de quem ganha mais, de quem compra mais. E pelo caminho esquecemo-nos que o mais importante são mesmo as pessoas, o bem estar colectivo, o respeito, igualdade e a preocupação com o próximo, como das nossas irmãs e nossos irmãos. Se desejassemos o mesmo a qualquer um o bem que queremos aos nossos mais próximos, a própria História seria diferente.
Sem comentários:
Enviar um comentário