domingo, 3 de julho de 2011

indiferenças

Não sei bem o que doi mais: se a indiferença, se a sua ausência.

Alguém me dizia há uns dias: "se alguém cair na rua agora, haverá alguém que ajude?" Provavelmente não.
São poucas as pessoas capazes de ver em volta, para além do seu próprio "espaço vital", passo a expressão, para olhar olhos nos olhos o próximo.
Só pode ser essa a causa da opção de não ajudar alguém que cai à nossa frente; de não parar e ver que ali mesmo estão prostitutas, algumas mal tratadas; de não dar qualquer coisa a comer a alguém que o pede; de não intervir quando se assiste a uma agressão, seja em espaço público ou indoor.

Alguém me dizia há uns meses: "quando atingirmos a indiferença, atingimos o nosso objectivo". A indiferença à diferença, o direito a ser diferente, era esse o teor da conversa.
É curioso como, por exemplo, o movimento homosexual atingiu alguns objectivos, e o direito a alguns direitos que lhes estavam vedados (o direito à igualdade - finalmente expresso pela ONU este ano - e ao casamento, aqui por Portugal, no último ano). Mas por mais leis que passem [e ainda bem que passam, é só assim que os direitos humanos vão crescendo], os gays e as lésbicas continuam a não usufruir da ausência de indiferença.
E nem sequer falo do movimento LGBT, aos transexuais continuam e vão continuar a estar barrados simbolica e concretamente uma série de direitos fundametais, sintetizados num só: todos nascem iguais. A maioria das pessoas não pensa de facto assim.

Todos nascem livres e iguais, mas "não ocupem o meu espaço", "isso passa-se lá longe", "não me incomodem", "odeio paneleiros", "eu não tenha a ver com isso", "é melhor não me meter", "não me diz respeito".

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