quinta-feira, 28 de julho de 2011

primeira ronda pós trabalho de campo

Acabo de fazer a minha primeira ronda colectiva pós dar por terminado o trabalho de campo. Foi bom, descontraído. É sempre, já.
Para começar, e para não variar, cheguei ao ponto de encontro bem mais cedo que a hora combinada. Já é um ritual. Antes de chegar ao RedLight, passo pela Manela e pela "Fátima" [nomes fictícios, evidentemente], para trocar novidades.
No sítio do costume, sentada no seu caixote, está a Manuela. Bem!! O caminho que fizemos desde o primeiro encontro até agora:
- Olá!!! Tá boa?! - uai, a festa que é. Sabe bem.
- Então Manela! Tudo bem? Novidades?
- Ah. Nada de novo. Mataram um gajo ali no café.
Esbugalho os olhos.
- Pois é - continua - um casal a discutir, um que se mete, leva com o "entre marido e mulher", vem para a porta fumar um cigarro e cerveja na mão. Quando o outro passa, corta-lhe a garganta. Ainda chamámos o INEM, mas já não havia nada a fazer. Morreu. O outro anda aí. Agora só vou para a casa [que fica por ali] quando o meu marido me telefonar. Chego e ele está à janela [o seu protector. as pessoas são estranhas. a Manela adora o homem, que vive com o dinheiro que ela faz na prostituição].
Nisto chega a "Fátima": "Hey!!" O abraço. "I havent seen you? Everything´s good?" - pergunta-me. Adoro a "Fátima". Só fala inglês. A Manela não fala inglês. Ficam ambas encostadas à parede, viradas para mim em triangulo. Uns 3 metros uma da outra. Mas fiz de ponte, ainda nos rimos.
Liga o marido da Manela - já volto [isso, vai para casa descansar. foi a primeira mulher que entrevistei na rua, tenho-a por especial].
Estas duas já são ritual. Em trabalho ou não, passo e páro. Quero saber delas. A "Fátima" vai fazer uma praça fora do país. Já lá esteve. "If you have papers it´s ok". Depois volta. Sinceramente? Ainda bem. Aqui está melhor. Penso eu.
Está na hora da ronda. A "Fátima" fica ali, eu sigo para o ponto de encontro. Mais tarde volto a encontra-la, mas é só "here´s condoms".
A noite estava fraca. Sentimos isso. Mesmo assim, contei 28 mulheres.
Entre as frases da noite, registei:
- Chulo? O meu filho é o meu chulo, mais ninguém, nunca. Queres falar com o meu chulo? Amanhã, mas mais cedo - que a esta hora já está a dormir.
- As putas vão. As prostitutas ficam encostadas à parede e escolhem-nos. Pensam que mandam? Não.

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