domingo, 4 de abril de 2010

Fazer sempre Queixa!

Não estás sozinh@! Não tenhas medo! Mas o primeiro passo tem de ser dado por ti. A culpa não é tua. Não foste tu que provocaste. A violência doméstica é crime, quem a pratica chama-se criminoso. Este crime mata mais que cancro ou acidentes de viação. Não entres nas estatísticas. Não te juntes ao grupo que nada faz, porque "já passou", porque "não me queria bater", porque "foi sem querer, não pensou, ficou fora de si", porque "jurou que nunca mais me agride". Não acredites em mitos! Acredita em ti!Faz sempre queixa na polícia, não deixes de ligar para o 112 ou dirigir-te à esqudra mais próxima! Verás que, ao contrário do que provavelmente pensas agora, estamos aqui tod@s, ao teu lado, para te apoiar!

3 comentários:

José Mestre disse...

E quando o crime é, mesmo, público!
Quando toda a gente da tua rua sabe que a vizinha não caiu no quintal! Quando toda a gente sabe e toda a gente cala - há mais quintais escorregadios...
Denuncias? Mesmo que as agredidas neguem?
Denuncias para que tudo fique na mesma?
Não estou a ser cínico. Procuro respostas. Só isso!

Filipa Alvim disse...

Olá Zé,

Pois é, o que descreves é irritantemente frequente. Daí ter escrito este post, em forma de apelo, em forma de força. É tão fácil quem é agredido ter vergonha, sentir que a culpa foi na realidade sua. É essa mentalidade que deve ser combatida. Vergonha é ser agressor, não é ser vítima.

A violência doméstica é um crime público, passível portante de ser denunciado por qualquer pessoa (um vizinho, um amigo, um familiar, um colega, um transeunte). O Ministério Público é sempre obrigado a investigar o caso, mas "se a própria vítima retirar a queixa, a investigação fica posta em causa", como me explicou um agente de segurança há uns dias.

O combate é: quem é agredido que se informe dos seus direitos (veja a APAV, a UMAR, a AMCV), não minta, não negue, não se levante a defender o agressor ou agressora. Não queira manter tudo na mesma. Porque em último caso, se não há coacção física (aprisionamento), a escolha de ficar é sempre da pessoa. E qualquer pessoa deve ser responsabilizada pelas suas escolhas, sabendo evidentemente quais são os seus direitos. Há para aí muita gente que pensa que é normal sofrer agressões por parte da pessoa que ama, com quem vive, com quem namora, com quem tem filhos, de quem depende financeira e emocionalmente. O problema da dependencia é um problema a ser resolvido em primeiro lugar por quem foi violentado. Amar não é isso. Ser gente não é isso.

A violência doméstica constrói-se com base na cobardia: do agressor, da vítima, de quem vê e cala. E que coisa mais desumana alguém saber ou assistir a uma cena de agressão (doméstica ou outra) e não denunciar. Porque quem participa a queixa não precisa de se envolver fisicamente (eu não me envolveria, sou pequena, não tenho força nenhuma, o mais provável era levar também, mas tenho telemóvel, e 112 é muito fácil de marcar).
São horripilantes as histórias de homens que assistem a um agressor bater na sua mulher, meterem-se, darem um empurrão ou agarrarem o agressor para proteger a vítima e afinal esta levantar-se para vir defender, talvez até com insultos, o "seu protector" transformado entretanto na verdadeira vítima da história.

Mas há coisas que só mudam com coragem da vítima!É à vítima que cabe o primeiro passo. E cada um que viva (ou que morra) com as suas escolhas.

Já para quem está no lugar de quem vê e não quer calar, ainda que a própria vítima queira negar, é na minha opinião uma questão de insistência. Com demasiadas queixas na polícia, que remédio senão estranhar e averiguar.
E se houver alguma forma de gravar o momento - com um gravador audio, com uma camara até de telemóvel, melhor ainda.

Anónimo disse...

Nada como denunciar...ainda que o medo por vezes seja grande, esse medo vai-se perdendo.
Não me sinto humilhada, sinto-me mais forte, mais capaz de sobreviver e agora quero renascer deste pesadelo.
Coragem é a palavra de ordem para quem sofre este tipo(e outros) de abusos. Não calar, não baixar a cabeça e pensar que apesar de tudo, podia ter sido bem pior...estou viva!