No JN Online surge hoje a noticia de quem um rapaz de 15 anos, de Vizela, ia ser vendido por 4 mil euros para trabalho escravo. A PJ e a Polícia Nacional de Espanha resgataram o jovem em Ourense, na Galiza. A investigação terminou com 6 detidos.
"Ao que o JN apurou, o rapaz marcou encontro em Braga com alguém que conheceu na net, mas algo correu mal. De Braga, João foi para o Porto. Vagueava pela estação da CP de S. Bento quando foi apanhado pela rede. Este tipo de locais são os preferidos pelos "recrutadores". João, aparentemente alheado, desorientado e confundido pelo movimento de pessoas, sobressaiu de imediato aos seus olhos treinados para reconhecerem potenciais vítimas.
João, oriundo de um meio familiar desestruturado não teve que pensar muito tempo para resolver acompanhar o grupo até Espanha, atraído por falinhas mansas e promessas de solidariedade, de trabalho e de uma vida melhor. A partir daqui já não havia saída.
Segundo a PJ, o rapaz foi agredido e obrigado a viver numa cave cheia de lixo, juntamente com animais, e ali ficaria até que surgisse alguém disposto a pagar os cerca de quatro mil euros que eram pedidos pela sua força de trabalho. Em Madrid, até já existiria um eventual interessado. Todo o esquema foi desmontado graças a uma chamada telefónica que o rapaz conseguiu fazer para a mãe (que já tinha comunicado à GNR o seu desaparecimento). PJ e a Polícia espanhola localizaram a chamada e libertaram o rapaz.
Um homem português e uma mulher espanhola, casados, e um terceiro indivíduo foram presos. Outro homem, também português, foi detido em Madrid, mas foi posto em liberdade. Mais dois homens foram presos em Ourense, anteontem, e também libertados. As autoridades julgam ter neutralizado a rede, mas não têm dúvidas de que haverá mais a operar nos dois países" (in http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Policia/Interior.aspx?content_id=1552092).
Parece-me que o jovem e a polícia estão de parabéns. Nem sempre é assim. Apesar da imensa visibilidade da questão do tráfico, o que é facto é que no concreto existem situações que não são "preto no branco" e podem ser entendidas de outras formas.
Do que é que estou a falar? De um caso que me contaram, uma mulher estrangeira (de um país terceiro), trabalhadora do sexo, que se encontrava em situação de tráfico aqui em Portugal. Esta mulher conheceu um grupo de acção que a quis ajudar. Contactaram a polícia. No final, a mulher acaba por ser deportada por estar em situação ilegal. Acabou por dizer, em forma de despedida "às suas salvadoras" que "a pior coisa que me aconteceu foi ter-vos conhecido e ter-vos contado a minha história". Esta é apenas uma de várias histórias que acabam assim.
Talvez a sorte do rapaz de Vizela tenha sido o facto de ser português. Se fosse imigrante, ainda por cima em situação irregular, poderia ter sido simplesmente deportado...
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